sábado, 25 de maio de 2013
E se você desse de cara com o Paul, todo descabelado, saindo da academia? O Renan Carmino Cividati presenciou essa cena no Ouro Minas e conta como foi:
E se você desse de cara com o Paul, todo descabelado, saindo da academia? O Renan Carmino Cividati presenciou essa cena no Ouro Minas e conta como foi:
Dia três de maio, 8 horas da manhã, o despertador toca e repenso a dúvida posta antes de dormir. Estou em Belo Horizonte por conta do show, e junto de Carolina, Raphael e Karen pretendo seguir até o hotel Ouro Minas – há boatos de que Paul McCartney esteja para chegar. As possibilidades são desanimadoras, claro; Paul pode chegar a qualquer instante e passar com o carro discretamente, atrás de vidros fechados, em alguma entrada sem que ninguém o note. Mas, como ironizou alguém do grupo: “Pensamento positivo, vai dar certo”!
Entre piadas e ironias, perdemos mais tempo do que o planejado, e enquanto um inusitado cupcake foi servido no café da manhã, encaramos a desanimadora notícia: Paul já estava no hotel; ao entrar passou com a janela aberta, acenando para os poucos fãs presentes. A tristeza mesclava com uma furiosa vontade de arremessar o cupcake pela janela do 12º andar. Embalados pela fajuta frase motivacional, nos dirigimos até o metrô: “Pensamento positivo, vai dar certo”!
Desci do metrô ainda a lamentar o desencontro, e foi imerso nestes pensamentos que vi andando em minha direção, na mesma calçada, o tecladista Paul Wix. Acompanhado por dois seguranças, Wix tinha passos apressados e roupa toda escura sob um infernal sol mineiro. Com um semblante típico de turista estrangeiro, faltava-lhe apenas uma câmera fotográfica pendurada no peito para ser mais caricato. Impossível não se perceber. Ao passar por nosso grupo tentou uma rápida e simpática saudação em português: “Holá!”.
Embora estivessem barrando a entrada dos fãs, conseguimos entrar no Ouro Minas, sarcasticamente embalados pelo pensamento positivo. Pouco depois, Abe Laboriel Jr. entrou no hotel. Com camiseta preta, óculos escuros e boina, mochila nas costas e um galão de 5 litros de água na mão, um tipo daquele jamais passaria despercebido. Simpático e atencioso, ele autografou e fotografou com todos enquanto segurava o peso de sua sede.
Surpreendentemente, no saguão do hotel, descobrimos que o casal Eduardo e Debora, amigos desde outros shows, estavam hospedados no 23º andar, dois abaixo de Paul. Convidados a subir, a expectativa naquele momento era apenas ver a porta da suíte presidencial. Para quem não sabe, o hotel Ouro Minas tem uma abertura em seu interior de modo que as portas dos quartos façam frente a uma baixa mureta que dá vista para o saguão do hotel e demais andares. Foi neste momento que a frase sobre o pensamento positivo ironizou minhas crenças (ou falta delas). Bastou sair do elevador e olhar para o corredor dois andares acima. Um pouco descabelado, aparentemente saindo da academia, estava Sir. Paul McCartney. Uns pegaram a máquina fotográfica, outros gritaram, e ele recuou, se escondeu, falou com os seguranças. Dava para ouvir sua voz. Um segurança interceptou: “No pictures, no pictures”. “Ok, ok”, concordamos ansiosos, afobados, quase implorando para que Paul concluísse a travessia. E foi assim que ele reapareceu; cruzando o corredor em nossa frente, num momento bastante intimista, exclusivamente para nosso pequeno grupo de seis pessoas. Em respeito ao pedido que ele fez aos seguranças, ninguém falou ou fotografou, diante de um incomodo silêncio. Sorrindo, ele retribuiu cada movimento, com acenos e beijos, enquanto gesticulávamos incrédulos, pasmos e silenciosos, feito crianças que não aprenderam a falar.
Dez dias depois do ocorrido comentei com o amigo Raphael que aquele encontro ainda não tinha me saído da cabeça. O que ele respondeu é certo, mais do que certo: “Cara, não saiu, nem nunca, nunca sairá!”.
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